Sobresom



Cindindo filigranas rosadas
pendem sombras mornas de manchas desenhadas
por focos de luz amarelada pintam com trinados espremidos
despejando a manhã enquanto estalam insetos, com tombo de folha seca perfumando o conta gotas do silêncio, que teima tecer duetos com grilos desacordados e cigarras que na moita ensaiam música de fundo para entrada em cena do sol; rãs miúdas deslizam para sono profundo
na madrugada nua que se veste de melodia, finas cordas de mosquitos e abelhas, violinam sem dó enquanto afinam-se aqui e ali,
vozes escondidas e alegres, aladas de efeitos saltando surpresas de matizes,felizes vão se revelando sem pedir licença para a
buliçosa natureza que se espreguiça ao som intenso da brincadeira de sua cria fazendo escorrer o leite farto de seus seios nascentes tamborilando vida para todos os seres cantantes; canto índio, gregoriano, sonata,
ópera e até um rap de macacos, em minutos raros todas as músicas
ali se entoam, todos os momentos de inspiração respiram
conspiram o verso e o reverso caótico
de toda criação sonora
a sonosfera e
sua geofonia contagia os ouvidos
esquecidos da memória ancestral.

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